25.9.10

Ônibus em dia de chuva

Não sei por que, mas andar de ônibus me da certo desespero, não só pelo constante contato físico que eu tenho que ter com estranhos na maioria das vezes suados, feios ou no mínimo mal cheirosos , mas pela quantidade de pensamentos que passam pela minha cabeça oca, que num veiculo de quatro rodas lento, lotado e doloroso não fica mais tão vazia quanto nos dias normais.

Eu penso, penso logo existo, existo e estou na porra de um ônibus velho e barulhento, e penso na vida, e olho os carros passando, eis que bate o desespero. Começo a querer mudar, mudar a vida que estou pensando, mas estou lá, sentada, esmagada, espremida por entre bundas desconhecidas, gordas, flácidas.

Quero descer, mas não posso, se eu descesse toda vez que bate um desespero de pensar na vida e sentir a incapacidade de mudar, eu provavelmente seria mais uma vez assaltada. Ah sim claro, porque assaltos ocorrem com grande freqüência na minha vida, acho que ando pelo mundo distraída, desatenta aos perigos físicos.

A única coisa que me desvia do pensamento agonizante do peso de viver uma vida de comédia, é quando algo completamente inusitado acontece em lugares com este. As vezes ta chovendo e um gordo peida, quem nunca passou por isso que jogue a primeira pedra. Ai eu penso puta que pariu, não da nem pra abrir a janela desse veiculo claustrofóbico e eu ainda tenho que cheirar gases de obeso, se você é do tipo de pessoa que vai e volta de ônibus pro trabalho, você é um infeliz. O dia geralmente começa bem.

Pra evitar podemos sempre optar pelo transporte ecologicamente correto, o sucesso da encruzilhada nem sempre é garantido, disse antes e volto a dizer que álcool não combina com bicicleta, que não combina com chuva, que também não combina muito com o transito, os caras comemoram o dia mundial sem carro com um trafego intenso do capeta e uma meia dúzia de gato pingado TOMANDO NO CU de bicicleta, como não poderia ser diferente, eu fui uma destas ingênuas pessoas.

Eu até concordo que chuva também não combina com dia mundial sem carro, São Pedro não facilitou a iniciativa, mas nada justifica um filho duma puta vir correndo na contramão na chuva tórrida e as onze da noite numa rua residencial. É o tipo de louco malandro, que só eu pra trombar... Alias trombar não porque se eu não tivesse me jogado pra calçada seria atropelada à duas quadras da minha própria casa. Dia mundial sem carro, a pessoa quer ser legal, tenta cooperar e ganha dois hematomas do lado direito do corpo.

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