26.9.10

Celebrações cristãs

Existem conceitos que eu simplesmente não entendo, por esse motivo eu me ausentava sempre de eventos sociais que pudesse me colocar de frente com estas questões duvidosas. Em festas que você ganha uma caneca no final eu pude perceber que em todas, a verdadeira razão pra você ganhar aquilo de brinde existe pelo óbvio fato de que você encheu ou quis encher a caneca. É um ótimo simbolismo.

Eu, particularmente não gosto de pensar em símbolos, eu caiu profundamente num abismo de absurdos e futilidades. Hoje em dia acho que existe símbolo pra tudo, e eu tenho que confessar que acho isso meio assustador, não tão assustador quanto os pesadelos que eu vou ter depois de terminar esse texto. Confesso que imagens de sangue, cruzes e dor embrulharam meu estomago e possivelmente vão me atormentar por muito tempo.

Nunca tinha ido a uma igreja, quando eu penso em casamento, eu penso em divórcio, em como é injusto toda aquela emperiquitassão super cara, arranjos de flores, vestido rendado, tudo tão bonito, tudo que um dia talvez acabe. E não venha me dizer que a minha visão é pessimista, eu não poderia pensar diferente, não depois da noite de hoje. Até mesmo o padre que eu tive o prazer de conhecer só serviu pra reforçar essa teoria, ele mesmo no altar pronunciou coisas sobre fim dos tempos, ausência e separação.

Eu não sei muito sobre o assunto, mas a igreja não é contra o divórcio? Então eu vi um representante publico da entidade praticamente burlar sua própria crença, ele se parecia com o Paulo Coelho e acho que todo homem de quem se pode fazer esta comparação precisa de terapia, talvez fosse uma boa idéia pra ele tentar ser menos cético em relação ao que ele estava celebrando, mas se nem Deus salvou, Freud provavelmente também não conseguiria.

Sentei e resolvi me acalmar, respirei, internalizei os bons sentimentos daquele evento, eu estava feliz, de verdade, muito feliz pela minha amiga que se casava, eu sabia que pra ela aquilo era importante. Se eu não soubesse não teria me arriscado a vestir uma roupa que em outra circunstancia eu nunca usaria, alias andar de salto é um martírio. Peço a todos que se estiverem em um coletivo de transporte dêem seus lugares as raparigas que usam salto como se elas fossem gestantes ou idosas, devia existir assentos preferenciais porque essa dor no pé é desnecessária.

Era uma celebração de amor, eu não discordava, o que me assustava era o contraste da pintura das paredes, que simplesmente não combinava. Boa cristã que sou (mentira) resolvi não falar mais nada, nem fazer mais piadas maldosas e comentários sarcásticos. Eis que o Paulo Coelho da batina me faz levantar, estender a mão direita e começar a cantar as orações católicas, eu não sei, não é por maldade, mas nunca estive perto dessa religião pra saber. Foi quando minha chefe começou a me cutucar e falar pra eu rezar porque eu estava na casa de Deus, ainda bem que eu assisto futebol e já vi a tática dos jogadores do Brasil na hora de cantar o hino sem saber, só mexi a boca e jurei que a próxima vez que eu tivesse que ficar com a mão erguida pro alto seria num julgamento.

O vestido já me incomodava, o salto me doía, eu não me sentia eu naquela roupa toda, cumprimentei a noiva no final da noite, um cigarro não muito ortodoxo na mão, meio aceso para os otimistas, meio apagado para os pessimistas. Eu disse parabéns do fundo do meu coração, pois ela sim estava merecendo tudo aquilo, achei até bonito a emoção dela na cerimônia, porque ela sim, como boa cristã pode abraçar sua religião, eu posso brincar com essas coisas, mas sempre respeitei aqueles que realmente representam em sua fé. Penso que pra você abraçar uma religião ela tenha que te aceitar por completo, logo poucos podem ser verdadeiros bons cristãos dignos de admiração. Por sorte, minha amiga era uma delas e por isso valeu a pena fazer parte de um pedaço inesquecível da vida dela.

Eu nunca poderia ser uma boa cristã por completo, gravei um pedaço da oração do pai nosso e pensei: fodeu. Dizia: não nos deixe cair em tentação, ai eu já desisti, adoro uma tentação e não viveria sem um copo de cerveja, um cigarro e se possível de vez em quando uma mulher ou outra, se o olhar da igreja sobre mim pode ser tão critico, por que eu não poderia fazer algumas piadinhas com certas coisas que pra mim são conflitantes na religião? Foda-se, essa é a magnífica verdade, o botão F é meu preferido, me prometeram whisky nessa festa e não deu outra, estou bêbada e rindo ao lembrar que teoricamente a igreja também não aprova o álcool, irônico sempre ter festas regadas a álcool logo após a cerimônia formal e santificada, muito irônico.

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