24.11.10

Show estranho com gente esquisita

Eu devo admitir sem orgulho, mas também sem nenhuma vergonha que fui a um show do Cine, em minha defesa eu alego que minha verdadeira intenção naquele mal ventilado espaço Lux era estritamente ligada ao show principal, do Cobra Starship.
Ingênua que sou, comprei o convite mesmo sabendo que provavelmente eu ia ficar lá sozinha, e meus mais próximos amigos sabem que eu sou completamente bitolada pra esse negocio de show, é eu entro em pânico, não sei como agir, não sei o que fazer e eu sempre acabo comprando ingressos e não indo, eu fiz isso no SWU (pessoas se indignaram comigo é claro).
Comprei o ingresso justamente pra superar essa minha barreira, essa minha deficiência, presumi com toda minha ingenuidade que pelo menos venderiam álcool no evento, o titulo do festival de certo me enganou “Rock Fest”. Na minha percepção entende-se cervejas em copo plástico (no mínimo né, mas não), naquele lugar não vendia NADA, só refrigerante, água e salgadinho. Porque vamos combinar é disso que gente colorida gosta. Come um salgadinho e tomar um suco.
Entrei lá e me senti mais perdida que cego em tiroteio, todos os meninos tinham o cabelo igual do Justen (acho que é tendência na garotada de 12-15 anos), esbarrei com várias menininhas de 8 anos e comecei a entender porque não vendia bebida, por sorte antes de entrar eu tinha virado uma Heineken pra amenizar a minha total falta de localização naquele evento social.
A verdade é que eu sou um bicho estranho e eu não estava no meu habitat natural, eu nem ao menos sabia que a banda que tava tocando no palco era o tal do CINE, só fui constatar na ultima música quando ele cantou o hit INTERNACIONAL “Garota Radical”, lembro também que o simpático rapaz frutinha dava uns gritinhos no meio das musicas e dizia: Ei garotas, não sejam usurpadoras, continuem garotas radicais”. PORRA VAI SE FUDER! Pesquisando mais tarde naquele mesmo dia eu entendi que “usurpadora” era uma musica da mencionada banda, achei um clássico trocadalho do carilho.
Quando eu achei que a noite já estava completamente perdida, eu encontrei um rosto conhecido (que Deus a abençoe) porque naquele ponto do festival eu já tinha feito amizade com alguém, o PAI de uma das crianças que estavam lá no show que tinha ido junto com a filhota pra prevenir né, vai que a menina resolve dar e o netinho dele nasce com cara de “Restartado” e querendo usar macacões apertados e de cores fluorescentes (acho tenso).
Apesar de toda a hostilidade que senti no começo do evento, eu admito também que me diverti muito, sem beber uma gota de álcool e cercada de gente esquisita. Me diverti tentando adivinhar se os rapazes do recinto eram gays mesmo ou só gostavam de fazer o tipo “Fiuk”, me diverti jogando o desafio de SMS, me diverti quando consegui burlar os seguranças e entrar no camarote, me diverti com as amigas imitando a dança de uma louca descontrolada, mas o momento que eu mais me diverti foi quando ao tentar descobrir a sexualidade de um menino me aproximei e perguntei se ele estava gostando daquela música, a bicha virou e disse com vozinha de gayzinha:
- Ai menina, essa música tá me dando vontade de dançar igual as PANICAT!
Tava respondido, não havia mais nenhuma sombra de duvida, eu disse que também estava morrendo de vontade de dançar igual as PANICAT! E me afastei rápido pra que ele não achasse que aquele comentário irônico era verdadeiro. Tudo valeu a pena porque o show do Cobra arrebentou a boca do meu balão, toda a espera árdua foi recompensada, dei vários foras (pra variar), confundi o nome da prima da minha amiga, levei bronca das meninas porque eu confundi o tal do Pe Lanza com não sei quem, de não sei o que, mas ganhei um ingresso pra outro evento de “Rock sem álcool”, que pra mim é quase um festival de “Jovens geração saúde” “Rock pra Jesus”. To dentro, já aprendi até a rezar mesmo, é como aquele velho ditado já diria: “Ajoelhou tem que rezar” ou não, era aquele outro: “De graça até injeção na testa”.