30.9.10

Minha primeira flor

Já presenteei uma ou duas garotas com flores, mas nunca ganhei uma, o que eu nunca, nunca mesmo poderia imaginar é que a primeira flor que fosse me dada teria essa conotação absurda. Que tipo de pessoa tem coragem de fazer o que aquela menina fez pra mim? Espero que nenhuma, porque eu odeio magoar os outros, mas dessa vez não deu...
Imagina eu (que sou pouco esquentadinha) tendo um típico dia de merda, tava na última aula rezando pra acabar logo e eu dormir, dormir muito pra tentar esquecer os infortúnios do dia. Eis que me chamam pra fora da sala de aula e me levam pra saleta de estudos do terceiro andar, a inspetora dando risada (mas no fundo constrangida com a situação ridícula), ela me disse que alguém tinha pedido pra entregar aquilo pra mim e pediu que sua identidade não fosse relevada. Há tempos que meus amigos me dizem que tem um ser do sexo feminino apaixonadinho por mim, mas que nunca conversou comigo. Vamos combinar que pra você se apaixonar tem que conhecer a pessoa e não só o físico, isso não é amor, nem paixão, não é porra nenhuma além de atração física, eu até entendo a moçoila. Na verdade não entendo porque me acho tenebrosa, mas algumas outras já se interessaram por mim (incluindo o físico), como diria uma grande amiga minha: acreditar em amor a primeira vista é coisa de gente feia.
Pois é, não deu outra, eu já sei a identidade dessa pessoa e não tenho o menor interesse em me relacionar com ela em nenhum grau, não só por ela ser gorda, emo, feia, ter uma barata (pinta em alto relevo) localizada perto dos olhos e cabelo ruim, mas também porque acho uma falta de respeito e uma puta duma breguice do caralho o que ela fez. Presentear com flores é lindo, quando se ama e é recíproco, quando se conhece, quando existe um certo tipo de relacionamento. Esta criatura filha do Satanás nunca nem falou comigo e tem coragem de pedir pra inspetora do colégio deixar uma flor com uma carta em cima da mesa pra eu pegar? Se liiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiga por favor juventude, não faz assim não que eu me decepciono em geral com os jovens e suas tentativas de conquistas. Sai de mim coisa ruim, que eu preferia morrer virgem do que fazer sexo com alguém daquele naipe.
Garotinha, para com isso, vai arranjar uma vida própria. Na carta ela dizia que me entregaria nove flores com cartinhas infantis, que na décima flor ela me daria pessoalmente (sem cartinhas anônimas ridículas) e cada carta teria UMA palavra, eis que a anta, a energúmena, a animal de 4 tetas me escreve “One Life”. Fofinha: acorda pra vida meu Deus, eu sei que o Anchieta é um péssimo colégio, mas porra é fácil identificar uma ou duas palavras... Eis que pensei se a filha da puta me vier com uma musiquinha do Justin Bieber vou ter que partir pra agressão. Só por uma garota eu escuto musicas dele e é também só pra ela que eu tenho olhos, ouvidos, boca e coração, não adianta vir essas barangas, esses tribufos de porta de shopping me fazer coisas românticas, não vão me conquistar, nenhuma que seja menos que a minha amada poderia me fazer ouvir Justin Bieber sem querer me matar.
Não gente, não estou sendo maldosa, meus amigos me chamaram de má porque quando eu entrei na sala portando aquele objeto cheio de espinhos e que me dava calafrios eu joguei ele fora e meu amigo queimou. Mas não galera, isso não é maldade, maldade é o que eu vou fazer se essa menina insistir nessa babaquice, ai eu vou ser obrigada (apesar da minha benevolência infinita) a queimar a porra da flor na frente da sala daquela criatura infernal... Pior, eu podia fazer bem pior postar uma foto dela aqui nesse texto, ou simplesmente passar o link do Orkut do monstro, mas não, não, não... eu sou legal, só fique longe de mim.

Bem longe, porque eu não sou obrigada a agüentar garotinhas baranguinhas que pensam saber algo de romantismo e amor, meu cú. pra você eu digo que sou hétero!

28.9.10

My Wish Was Wish That I Was Dead

Meu ultimo sonho está morto, eu me lembro com saudade da época que vinha trabalhar com um sorriso estampado no rosto, naqueles tempos eu acreditava poder fazer diferença. O que eu percebi na verdade é que não importava o quanto eu me esforçasse, eu seria sempre a “neta do presidente”, então chegou a hora que eu parei de me importar.

Aceitava numa boa o salário do fim do mês – ainda que muitas vezes não fizesse por merecer -, nem sempre de fato há o que se fazer nessa instituição, a frustração com o trabalho é a pior coisa do mundo, porque é pro trabalho que nós vamos todos os dias, é por ele que acordamos cedo todos os dias.

A desmotivação sufoca até o mais bem intencionado, quando eu entrei aqui eu me sentia como uma espiã, como se eu tivesse que ganhar a confiança e simpatia de todos, eu verdadeiramente acredito e espero que tenha conseguido. Pelo menos eu aprendi a amar incondicionalmente todas as crianças que aqui estudam. Afinal eles não têm culpa por tudo que eu acreditava ter desmoronado. Até mesmo a comida daqui que eu tanto amava perdeu o gosto, acho que a comida ainda é a mesma, foi meu paladar que mudou.

Não faz sentido sofrer em algo que nos deixa triste só pra ser pago no final do mês, se não sou feliz fazendo o que eu faço e faço mesmo assim eu me vendo. E ser uma vendida é tudo o que eu nunca quis, ultimamente não tenho a mínima vontade de levantar da cama, a única que me fazia ter forças pra lavar o rosto de manhã e agüentar minha função se foi também, é outro sonho morto.

A única coisa que vai me dar saudades é o carinho que as crianças têm por mim e vice-versa, eles me chamam de linda, me abraçam e dizem que me amam, é muito mais do que muito amigo meu não faz, mas não adianta, todo o amor infantil puro e sincero não compensam essa sensação doída de sentir-se inútil.

Até minha chefa já me disse isso, que sou inteligente demais para o trabalho que tem aqui, sou peixe grande em crescimento constante, não posso parar nesse lago pequeno, queria ser peixe de mar pra visitar todos os continentes através do oceano. Um dia talvez eu seja, mas por hora “I Just want to break free”. Encontrar um lugar pra mim, dezoito anos, um ano de registro na carteira, bom currículo, mas na real estou cansada de dever as coisas pro vovô, mesmo que ele fale que o mérito é meu, eu preciso de algo maior, melhor e SÓ meu.

27.9.10

Lugar de compras

Sempre detestei shopping centers, muito antes de odiá-los pela sua representação absoluta de capitalismo puro e sincero. Devo odiá-los desde os seis anos de idade quando eu tinha que presenciar as mulheres da minha família praticando aquele consumismo absurdo.

Até se ter tudo nunca se é livre de querer sempre mais, e as coisas que de fato nós não precisamos tornam-se necessárias, ou pelo menos as pessoas julgam que sejam necessidades pra ter uma desculpa própria pra adquirir coisas que não precisam.

Coisas como camisetas caras, tênis, sapatos, produtos supervalorizados que foram feitos pelas mãos de operários de vidas precárias, em algumas marcas até mesmo crianças trabalham na linha de produção. É ai que jaz a questão tragicômica dos lugares de compras. Enquanto alguns sofrem na confecção material, os materialistas riem ao comprar.

A verdadeira alegria em adquirir um produto de marca, costumava ser um sentimento que para mim só os otários podiam ter. Jurei nunca me relacionar com pessoas assim e paguei minha língua. Se a vontade de consumir faz uma sociedade toda de idiota, como apenas uma garota pode ter feito uma tola de mim mesma?

Vesti a camiseta Nike que estava no fundo do meu guarda-roupa, mamãe me deu de presente, acho que ela realmente se parece com a garota do shopping. Não me senti mal dentro de um , pelo contrário, eu me sentia confortável – apesar de culpada – em procurar coisas que lhe agradariam, desejando poder comprá-las um dia. Escolhi até uma aliança de noivado, aquela que se pudesse noivar comigo eu compraria, mas o absurdo do preço me faz pensar que alguns casamentos devem acabar antes do individuo acabar de pagar a aliança, mas eles não ligam, eles não pensam, eles estão apaixonados, são os verdadeiros românticos panacas capitalistas.

Até mesmo aquilo que eu considerava extremista e ortopedicamente errado eu pensei em comprar praquela garota, mas nada a faria retornar, nem o sapato rosa choque que ela tanto desejava faria ela olhar pra trás (ou pra frente) e ver minha imagem de novo. Sentada na praça de alimentação percebi na companhia do meu whisky com chá verde de que talvez eu me sentiria bem em lugares de compras até deixar de amá-la.

26.9.10

Celebrações cristãs

Existem conceitos que eu simplesmente não entendo, por esse motivo eu me ausentava sempre de eventos sociais que pudesse me colocar de frente com estas questões duvidosas. Em festas que você ganha uma caneca no final eu pude perceber que em todas, a verdadeira razão pra você ganhar aquilo de brinde existe pelo óbvio fato de que você encheu ou quis encher a caneca. É um ótimo simbolismo.

Eu, particularmente não gosto de pensar em símbolos, eu caiu profundamente num abismo de absurdos e futilidades. Hoje em dia acho que existe símbolo pra tudo, e eu tenho que confessar que acho isso meio assustador, não tão assustador quanto os pesadelos que eu vou ter depois de terminar esse texto. Confesso que imagens de sangue, cruzes e dor embrulharam meu estomago e possivelmente vão me atormentar por muito tempo.

Nunca tinha ido a uma igreja, quando eu penso em casamento, eu penso em divórcio, em como é injusto toda aquela emperiquitassão super cara, arranjos de flores, vestido rendado, tudo tão bonito, tudo que um dia talvez acabe. E não venha me dizer que a minha visão é pessimista, eu não poderia pensar diferente, não depois da noite de hoje. Até mesmo o padre que eu tive o prazer de conhecer só serviu pra reforçar essa teoria, ele mesmo no altar pronunciou coisas sobre fim dos tempos, ausência e separação.

Eu não sei muito sobre o assunto, mas a igreja não é contra o divórcio? Então eu vi um representante publico da entidade praticamente burlar sua própria crença, ele se parecia com o Paulo Coelho e acho que todo homem de quem se pode fazer esta comparação precisa de terapia, talvez fosse uma boa idéia pra ele tentar ser menos cético em relação ao que ele estava celebrando, mas se nem Deus salvou, Freud provavelmente também não conseguiria.

Sentei e resolvi me acalmar, respirei, internalizei os bons sentimentos daquele evento, eu estava feliz, de verdade, muito feliz pela minha amiga que se casava, eu sabia que pra ela aquilo era importante. Se eu não soubesse não teria me arriscado a vestir uma roupa que em outra circunstancia eu nunca usaria, alias andar de salto é um martírio. Peço a todos que se estiverem em um coletivo de transporte dêem seus lugares as raparigas que usam salto como se elas fossem gestantes ou idosas, devia existir assentos preferenciais porque essa dor no pé é desnecessária.

Era uma celebração de amor, eu não discordava, o que me assustava era o contraste da pintura das paredes, que simplesmente não combinava. Boa cristã que sou (mentira) resolvi não falar mais nada, nem fazer mais piadas maldosas e comentários sarcásticos. Eis que o Paulo Coelho da batina me faz levantar, estender a mão direita e começar a cantar as orações católicas, eu não sei, não é por maldade, mas nunca estive perto dessa religião pra saber. Foi quando minha chefe começou a me cutucar e falar pra eu rezar porque eu estava na casa de Deus, ainda bem que eu assisto futebol e já vi a tática dos jogadores do Brasil na hora de cantar o hino sem saber, só mexi a boca e jurei que a próxima vez que eu tivesse que ficar com a mão erguida pro alto seria num julgamento.

O vestido já me incomodava, o salto me doía, eu não me sentia eu naquela roupa toda, cumprimentei a noiva no final da noite, um cigarro não muito ortodoxo na mão, meio aceso para os otimistas, meio apagado para os pessimistas. Eu disse parabéns do fundo do meu coração, pois ela sim estava merecendo tudo aquilo, achei até bonito a emoção dela na cerimônia, porque ela sim, como boa cristã pode abraçar sua religião, eu posso brincar com essas coisas, mas sempre respeitei aqueles que realmente representam em sua fé. Penso que pra você abraçar uma religião ela tenha que te aceitar por completo, logo poucos podem ser verdadeiros bons cristãos dignos de admiração. Por sorte, minha amiga era uma delas e por isso valeu a pena fazer parte de um pedaço inesquecível da vida dela.

Eu nunca poderia ser uma boa cristã por completo, gravei um pedaço da oração do pai nosso e pensei: fodeu. Dizia: não nos deixe cair em tentação, ai eu já desisti, adoro uma tentação e não viveria sem um copo de cerveja, um cigarro e se possível de vez em quando uma mulher ou outra, se o olhar da igreja sobre mim pode ser tão critico, por que eu não poderia fazer algumas piadinhas com certas coisas que pra mim são conflitantes na religião? Foda-se, essa é a magnífica verdade, o botão F é meu preferido, me prometeram whisky nessa festa e não deu outra, estou bêbada e rindo ao lembrar que teoricamente a igreja também não aprova o álcool, irônico sempre ter festas regadas a álcool logo após a cerimônia formal e santificada, muito irônico.

25.9.10

Minha idéia do conceito Bacanal: Homens Menstruados!

Creio que certas coisas só aconteçam no período da madrugada, vi um cachorro cagando em cima do pé de um homem que estava esperando o ônibus e pensei: se nem ao menos nossos animais sabem se comportar, imagina os humanos. Queria não ter imaginado, mas eu tive que ver, uma onda de insignificantes homens vermelhos, filas e filas deles. Um mais desrespeitoso do que o outro.

Ir a festas desse estilo me faz desacreditar num futuro melhor, me desencoraja até a ter um filho. Ter filho pra que? Pra ele crescer e virar um bostinha? Um lixinho de um mimado que se acha melhor que todo mundo e portanto sente-se no direito de agarrar toda e qualquer mulher.

Sinal vermelho geralmente significa pare, nesta noite toda garota que se aproximava usando esta cor era uma ameaça, um perigo eminente, alguns vermelhos perderiam a conotação de pare e significariam siga em frente. A festa vermelha mais parecia um açougue, de tanto macho as mulheres pareciam pedaços de carne, eles puxavam e viam as gorduras, se não fosse Filé Mignon não pegavam é claro. Todos aqueles filhos das putinhas devem ter uma “reputação” a zelar. A única que eu tive oportunidade de analisar eu passei, pois os eventos anteriores já tinham me desgastado tanto que eu não teria forças pra ter um dialogo comum.

Poderia culpar a caneca de absinto e também os vários energéticos com vinhos que eu tomei, mas eu adoro o álcool, nunca o culparia. Só com ele posso passar por provações como o dia de hoje, que pessoa vai fumar um cigarro no fumódromo mais cheio e infernal da cidade e leva uma cuspida no cabelo? Se ao menos tivesse caído de cima eu entenderia, sou pequena, mas o energúmeno, a besta quadrada uspiniana cuspiu pra frente e aquela saliva nojenta grudou em parte do meu pescoço e do meu cabelo. É claro que nessa altura do campeonato minha calça nova já estava rasgada e minha nada sutil coxa branca quase transparente contrastou com o rombo da calça.

Não contente e satisfeita com a série de eventos desgostosos do dia, resolvem passar a mão em mim sem permissão, me olharem como pedaço de carne, minha vontade era de gritar: eu sou osso, osso duro de roer. As coisas não são assim, alguém por favor sacode aqueles jovens, acudam, ensinem alguma coisa não alienada pra eles. A sociedade em si me enoja, mas o atual futuro dela me da medo. Por isso da próxima vez que eu for pra algum lugar do tipo farei uma camiseta com os seguintes dizeres:
Não danço, só bebo e por favor não dance nem perto, muito menos se esfregando em mim.

Acho justo. Garotinhos universitários sem camiseta eu não preciso tolerar!

Ônibus em dia de chuva

Não sei por que, mas andar de ônibus me da certo desespero, não só pelo constante contato físico que eu tenho que ter com estranhos na maioria das vezes suados, feios ou no mínimo mal cheirosos , mas pela quantidade de pensamentos que passam pela minha cabeça oca, que num veiculo de quatro rodas lento, lotado e doloroso não fica mais tão vazia quanto nos dias normais.

Eu penso, penso logo existo, existo e estou na porra de um ônibus velho e barulhento, e penso na vida, e olho os carros passando, eis que bate o desespero. Começo a querer mudar, mudar a vida que estou pensando, mas estou lá, sentada, esmagada, espremida por entre bundas desconhecidas, gordas, flácidas.

Quero descer, mas não posso, se eu descesse toda vez que bate um desespero de pensar na vida e sentir a incapacidade de mudar, eu provavelmente seria mais uma vez assaltada. Ah sim claro, porque assaltos ocorrem com grande freqüência na minha vida, acho que ando pelo mundo distraída, desatenta aos perigos físicos.

A única coisa que me desvia do pensamento agonizante do peso de viver uma vida de comédia, é quando algo completamente inusitado acontece em lugares com este. As vezes ta chovendo e um gordo peida, quem nunca passou por isso que jogue a primeira pedra. Ai eu penso puta que pariu, não da nem pra abrir a janela desse veiculo claustrofóbico e eu ainda tenho que cheirar gases de obeso, se você é do tipo de pessoa que vai e volta de ônibus pro trabalho, você é um infeliz. O dia geralmente começa bem.

Pra evitar podemos sempre optar pelo transporte ecologicamente correto, o sucesso da encruzilhada nem sempre é garantido, disse antes e volto a dizer que álcool não combina com bicicleta, que não combina com chuva, que também não combina muito com o transito, os caras comemoram o dia mundial sem carro com um trafego intenso do capeta e uma meia dúzia de gato pingado TOMANDO NO CU de bicicleta, como não poderia ser diferente, eu fui uma destas ingênuas pessoas.

Eu até concordo que chuva também não combina com dia mundial sem carro, São Pedro não facilitou a iniciativa, mas nada justifica um filho duma puta vir correndo na contramão na chuva tórrida e as onze da noite numa rua residencial. É o tipo de louco malandro, que só eu pra trombar... Alias trombar não porque se eu não tivesse me jogado pra calçada seria atropelada à duas quadras da minha própria casa. Dia mundial sem carro, a pessoa quer ser legal, tenta cooperar e ganha dois hematomas do lado direito do corpo.

Introdução

Eu nunca quis ser a porra de uma romancista, nem a melancólica de uma poeta, na verdade eu sempre achei esse lance de escrever uma puta de uma sacanagem. Um hábito honestamente viciante que por alguma estúpida razão foi colocado dentro de mim, eu não o merecia, é claro.

Muitas coisas que acontecem comigo eu julgo não merecer, há quem diga que sou a nicotina em pessoa, outros dizem que a Zica sou eu, graças a Deus não me chamo ZIca, pelo menos isso. De certa forma – como muitos outros – eu nasci cagada, expelida pra fora – como muitos outros – no mínimo em minha certidão devia constar um nome decente, não que o meu seja lá essas coisas, é comum, comum de um jeito que eu não sou. Vai ver não combino com meu nome.

Não é mais uma crise, eu me convenci que eu poderia escrever pequenas comédias, tragicomédias pra ser mais exata. Não quero mais falar de amor, nem de gente mela cueca, e muito menos de sentimentalismos, o que eu quero agora é entender e me fazer ser entendida como vitima de um destino engraçado que me envolve e ri de mim.

Como diriam os sábios é sempre melhor rir do que chorar, ou rir pra não chorar, é alguma coisa desse tipo. Mas de alguma forma a risada sempre fica em primeiro lugar, minha incrível falta de sorte e meu nato talento para o inusitado poderia me render histórias de aventuras que muitas vezes se parecem ficção tragicômica, porque não é possível alguém ser tão azarada quanto eu.