7.12.10

Coisas que perdemos no caminho

O distanciamento entre as pessoas é inevitável, pelo menos pra mim. Acho incomum alguém da minha idade ter conhecido tantas pessoas, morado em tantas cidades, isso me deixou desde criança com a impressão de que vivo num mundo mutável. Meu mundo muda o tempo todo, e eu tentei não mudar com ele, mas a cada dois anos eu cometo o grande erro de me apaixonar, e com o amor sempre fadado a terminar vem junto uma dorzinha que começa no estomago, depois vai pro cotovelo e então não dói tanto, passamos a querer estragar nosso fígado, depois nosso pulmão e quando já ferramos com tudo, a dor passa pro coração e então quem nos ferra é aquele que distribui sangue pros nossos corpos sedentos de salvação, salvação da alma ou de nós mesmo ao enfrentar as conseqüências do rompimento.

Não digo apenas rompimento amoroso, muitos outros rompimentos doem tanto quanto, quando por alguma razão o sentimento de perda se estende não apenas aqueles que amamos carnalmente, mas sentir que também perdi meus amigos dói ainda mais. Agora só faltava eu perder também minha família, meu pai eu já perdi de qualquer forma, eu acho que “Step by step, heart to heart, left right left . We all fall down”. Dessa vez quem cai sou eu, cai no esquecimento, cai e aceitei o mundo dos prazeres sem emoções e de nada valeu. “Meu irmão, a gente tem que descobrir maneiras — sejam quais forem — de ficarmos fortes.”

Minha estratégia não funcionou muito bem, o tiro saiu pela culatra e ao invés de me fortalecer, eu me sinto cada dia mais enfraquecida por todas as coisas que perdi pelo caminho, por todas que ainda vou perder e por aquelas que eu tanto estimava e que estou perdendo nesse exato momento. Quando eu consigo dormir, eu tenho pesadelos, quando eu acordo eu não sei pra que ou por que estou vivendo. Todo mundo já se sentiu assim antes, e todo mundo procura conforto nos braços de alguém, as pessoas a quem eu clamava consolo já não se importam comigo e eu bem mereço, melhor seria poder esquecer, pegar minha malinha e partir pra fincar meus pés em outra terra, conhecer outras pessoas pelas quais vou jurar amizade eterna, conhecer novos amores que no fim assim como meus amigos vão acabar por me esquecer, me desencantar. Seria fácil se eu já não estivesse enraizada aqui – ainda que sem ninguém – tentando do meu jeito ignorante e seco recuperar aqueles que eu amo, que me faltam e a quem eu falto também.

O tempo pode pregar peças na gente, em um dia nossos sonhos podem se tornar realidade e o mesmo é válido para os pesadelos. Não quero olhar pra trás e pensar “Aquela era a melhor época e ninguém me disse”. Porque por hora erros foram cometidos, corações foram partidos e severas lições aprendidas. Meu mundo continuo sem mim enquanto eu me afogo num mar de futilidades e luxuria. Eu podia me acostumar com isso, mas ninguém consegue crescer dessa maneira, sem aprender de novo como amar e confiar. Costumava pensar que eu podia aprender sozinha, mas eu vou precisar mais do que só de mim dessa vez, não quero crescer sem você. Mas infelizmente como já diria o Caio ““Não tô bem. Isso eu posso dizer, tendo certeza. Mas é também uma coisa pela qual você não pode fazer nada, e de pouco adianta eu dizer.”

Um comentário:

  1. Sinto palavras sinceras, vindo de uma pessoa as vezes confusa mais direta.
    É como eu vejo e admiro você. Uma pessoa simples mas ao mesmo tempo imcomparavel ao redor de muitas outras.
    Mari, faça de suas palavras a sua principal arma.
    Faça desses anseios, seu principal motivo para viver, buscando sempre se sobressaindo de tudo.

    Grandes beijos.

    Italo

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