12.4.11

Rome

O amor fode a todos nós, nos faz perder a cabeça e às vezes mesmo que seja errado, ele nos deixa a deriva de emoções antes impensáveis. Emoções irresistíveis das quais eu gostaria de me ausentar, se eu pudesse agora expulsaria de mim toda minha capacidade de amar, mandaria pra Marte, naquele pedaço laranja de terra onde não tem nada, nem ninguém!

O problema é que eu sou muito covarde pra não te amar e corajosa demais por na maioria das vezes tentar te resistir. Uma vez alguém me disse que eu era uma iludida, a partir desse dia eu peguei todas minhas ilusões platônicas e todas as minhas vontades carnais e os coloquei em um potinho. Escondi tão bem o tal do potinho que agora não consigo achar forças pra acreditar nas coisas que eu ouvi. Se o amor é algo tão bom, como ele pode trazer tantas coisas ruins? Como poderia ser tão errado assim amar alguém que se conhece tão bem?

O amor é uma caixinha de bombons sortidos: nele existe carinho, respeito, afeto, vontade de fazer o bem, assim como também existem as traições, desconfianças, ciúmes e por fim uma tristeza desgastante. Meu amor tal como sua origem é tão dúbio quanto uma espada de duas faces, te amo carnalmente quando sinto vontade dos seus beijos, te amo amigavelmente quando quero sempre o melhor pra você, e por saber que não sou eu me calo como um herói que prefere o bem dos outros a sua própria felicidade.

Confusão, álcool e nicotina são as palavras do dia. O primeiro porque minha cabeça foi vasculhada e vandalizada pelas suas perguntas, meu coração foi prensado contra a parede até que ele cuspisse todas as verdades pateticamente poetas em mim. Lembrei-me de um conto do André Giusti chamado Álcool e Nicotina, no inicio eles se gostavam muito, mas depois começaram a se conhecer melhor e tudo foi por água abaixo. Mario bebia demais e Marion fumava demais. Um dormia com o bafo do entorpecente do outro, e o amor não foi suficiente pra driblar a rotina nem pra tolerar os defeitos alheios.

Relacionamentos são feitos de concessões, há de se ser paciente pra merecer um bom romance, há também de se tomar cuidado com quem se ama. Dessa vez o feitiço virou contra o feiticeiro e eu senti a traição que eu mesma cometi, minha sorte é ainda conseguir acreditar que esse amor era muito forte pra terminar, não perdi uma amiga, mas eu perdi sua confiança. Estar do outro lado me dá uma perspectiva melhor, eu trai por amor, mas ela me traiu pela carne. Uma carne que ela jurou não querer nunca mais, a carne que ela sabia que eu amava, o pior de tudo é que eu teria feito de tudo pra entender, se ao menos a sinceridade tivesse nos cercado, mas eu acho que esta se escondeu junto com meu potinho das esperanças, ou apenas se ausentou pra ser despejada por completo de uma só vez em cima de mim.

Queria poder fechar os olhos e quando olhar pra trás não me sentir uma completa panaca, como se tudo tivesse sido um pesadelo ou um sonho, mas agora todos os detalhes brotam na minha imaginação, ela costumava dizer que eu era uma das pessoas mais inteligentes que ela já conheceu, se é real como eu pude ser tão burra, tão cega? Acreditar sempre no melhor das pessoas foi um puta erro do caralho e eu infelizmente estou começando a aprender a lição do jeito mais difícil.

O vermelho no olhos do meu pai, sua ira e violência me atormentaram por uma imprudência, uma vontade de tentar desenrolar o enrolado, foi um tiro que saiu pela culatra, um tiro no escuro sem imaginar nenhuma reciprocidade, a surpresa e a dificuldade de acreditar que era correspondido. Talvez eu nunca consiga acreditar, talvez eu tenha criado uma barreira enorme pra me proteger desse sentimento absurdo, porque todos nós sabemos que de alguma forma a partir de hoje nada será igual, minhas lágrimas provavelmente vão rolar até me secarem, não porque eu quero, mas porque eu não conseguiria segurar tanto choro mais uma vez. O ciúmes vai me comer viva, um dia vai extrair todas minhas qualidades e nesse dia eu vou estar livre, verdadeiramente livre do peso que é amar.

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