13.4.11

Meu Picadeiro

Se hoje me escondo nos lugares que eu amava compartilhar é porque ontem me extraíram o prazer de toda e qualquer companhia. Agora os dias amanhecem como todos os outros, mas o mesmo lugar reflete uma nostalgia insuportável, uma manhã ensolarada como qualquer outra na Londres do ABC marcou o começo do final do meu mundo. Pelo menos o mundo como eu conhecia.

Antes só do que mal acompanhada nunca fez tanto sentido, de certa forma fico melhor sozinha, penso e produzo melhor quando me fecho e agora eu tranquei todas as minhas portas, ninguém, é convidado a entrar no meu quintal, nem se espalhar na minha sala de estar, muito menos deitar na minha cama.

Só se pode andar de olhos fechados quando temos alguém olhando por nós, portanto eu abri os meus e se pudesse colocaria um terceiro nas minhas costas pra olhar bem pra cara daquele que me esfaqueia por trás.

Minha barreira se transformou em uma muralha, um muro mais triste que o de Berlim. Estou exausta de buscar em vão distanciamento de todas as coisas das quais preciso me afastar, não falo de um conjunto especifico de pessoas, até porque não é só do mundo que eu quero me separar, é também de mim mesma, do meu eu-lirico, da confusão dos meus dias...

Preciso encontrar minha racionalidade de volta, poderia salvar meu mundo somente resgatando meu lado lógico, me esquivar fria mesmo quando a vontade for outra, simplesmente porque racionalmente é melhor pra todos nós

Todas as coisas que foram feitas e ditas não vão se retirar da minha cabeça, mas por cortesia elas poderiam ficar bem longe do meu coração. Inclusive eu merecia um botão de liga e desliga no meu coração, mas em troca das minhas gentilezas, cavalheirismos e tentativas de ser politicamente correta eu ganho o oposto da bondade.

Se fosse assim tão fácil desligaria também minha consciência, ela é a única razão pela qual a culpa me corrói todos os dias. No começo do fim do mundo eu abri os olhos pra realidade, percebi que está na hora de fechar esse circo todo, esquecer que já fui malabarista, pois agora sou palhaça e tenho que tirar a maquiagem branca da minha cara, limpar esse pó todo e virar herói do picadeiro pra salvar o que de bom restou em todos nós.

Com muito peso é difícil seguir caminhando, te vejo passar de longe e de você é tudo que eu vou ver por um bom tempo, ainda que continue sempre olhando por ti, rezando sem saber rezar, me preocupando... De longe, assim é que vai ser. O máximo que eu consigo fazer agora é dividir de olhos abertos um cigarro no bosque, tentando não lembrar que eu disse todas as coisas que nunca deveria ter pensado nem sentido. É hora de sacudir a poeira, limpar os cartões e proteger a mocinha das minhas poesias, de olhos bem abertos e corpos bem distantes.

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