15.2.11

Bom Humor Atrai

Acordar as seis da manhã todos os dias deixa qualquer sujeito um pouco mais apto a ficar mal humorado, não que seja naturalmente da índole do cidadão, mas porra tem coisa que não dá, não dá pra tolerar. Hoje eu passei por algumas delas, a começar com a minha tentativa fracassada de me enturmar na minha sala de aula. Sim porque a única bicha que eu identifiquei tem cara de menino que dorme de pijama de seda, não bebe, não fuma e não fode. Falar em foder, os bombados e descolados meninos freqüentadores do Supra consideram virgens as pessoas que gostam de jogar fliperama, só queria dizer que PAU NO CU DELES. Fiz amizade com duas figuras que obviamente não são da minha turma estão apenas fazendo DP, ou seja vou vê-los raramente.

No entanto eu posso dizer com certeza que meu dia só começou de verdade quando na minha cidade também começou a garoar, sendo São Bernardo uma cidade com um clima parecida com Londres (foi uma RYCA que disse), a garoa começou cedo e como a lei de Murphy nunca falha eu tomei no cu, Murphy traz a desgraça, mas com ela coisas engraçadas também aparecem pelo caminho. Por caminho eu digo quatro quilômetros com uma bicha molhada reclamando e dando risada do meu lado, tudo começou com o meu ato de infinita benevolência em oferecer minha companhia pra veterana mais malvada da Metodista @maaromano. Era só uma passadinha no Poupa Tempo e um exame psicotécnico, tudo muito simples na teoria, porque na prática as viadas s

ó se foderam. Acho que na visão dos nossos excelentíssimos funcionários públicos desempregado tem que se foder mesmo afinal eles tem o emprego deles e foda-se. Demorou tanto pra que eles nos atendessem que deu até tempo de almoçar, contar metade da minha vida, voltar e esperar mais duas horas, aquilo parecia uma balada, tava lotado, tinha gente feia se esbarrando e encontramos várias amigas, inclusive uma amiga RYCA chamada @nah_patente, sim porque quando você vai ao Poupa Tempo renovar sua carta e pagar a taxa é tudo muito rápido. Afinal eles querem é encher o cu de dinheiro.Minhas costas já estavam gritando, minhas pernas estavam desfalecidas, acho que se movimentavam por inércia. Demorou tanto, mas tanto que eu seriamente pensei na possibilidade de virar uma múmia - exatamente como eu pensei dez anos atrás -, quando estávamos quase lá na boca do balão a maldita gorda que ia nos atender levantou pra ir tomar um cafezinho, logo em seguida a gorda companheira de trabalho foi junto, sim porque funcionárias publicas gordas devem dividir rosquinhas (sem maldade) no coffee break. A situação começou a ficar critica quando São Pedro resolveu cagar em forma de água nas nossas cabeças, foi quando a gorda nos avisou de que não tinha mais maquina de Xerox lá dentro, traduzindo: alguém teria que atravessar a rua na chuva pra tirar a porra da Xerox, devo admitir que foi muito engraçado ver a @maaromano fodendo toda a chapinha que acordou cedo pra fazer naquela chuva torrencial, uma boa palavra pra ser lembrada.

O relógio já marcava 16:45 quando saímos do Poupa porra de Tempo nenhum. Eu já tava toda fodida mesmo, com dor no corpo inteiro, sono, cansaço. É nessas horas que nós estamos mais podres que as noticias boas aparecem, o simples exame psicotécnico era simplesmente na puta que pariu, andar na chuva parece que desacelera as pessoas e quinze minut

os viraram trinta, e trinta minutos fizeram toda a diferença, a água não parava de cair e eu só pensava positivo – como naquele papel de bala que dizia: bom humor atrai -, eu acreditei pra tentar variar um pouco e eu vi o que atrai, atrai um bando de baianos numa Brasilia (paquerando) as duas desertoras encharcadas, foi o fim da picada. The End, o Apocalipse, aquele carro bege, feio, cheio de tétano no capô foi u ó, se eu pudesse faria com aquele carro maldito igual fizeram com este, mas com o pensamento de bom humor atrai eu me contive e nem falei nada.

Pra completar a @maaromano estava com tanto medo e tão tensa em relação ao psicotécnico que não deu outra e Murphy nos acertou novamente. Eu desconfiei desde o inicio que ela não estava preparada pro teste afinal ela realmente pensou que teria dificuldades em distinguir verde, amarelo e vermelho. Imagina uma louca dessa não distinguindo as cores do semáforo no cruzamento #fail na certa. A lei de Murphy acrescentada com o infeliz comentário: se tiver fechada eu te mato. Confirmaram que pensamentos negativos atraem coisas negativas. Chegamos na porta da clinica as 17:57, quando eu vi a placa fechado eu realmente não sabia se eu ria, chorava, ficava puta ou zoava a mais prejudicada – que pelo menos DESSA VEZ não fui eu -, os três minutos restantes foram dedicados a um cigarro e um sentimento chamado aceitação da tragédia cômica. Aquela puta vontade de dar risada e chorar ao mesmo tempo, afinal quatro quilômetros na chuva, depois de ter ficado quatro horas em pé já é um pouco demais.

Na volta pra casa eu só tinha mais dois quilômetros pela frente passando pelo fervo animado que é a Rua Marechal Deodoro no horário de pico, juro que os motoristas São Bernardenses ainda vão me matar atropelada, parecem loucos, só tem louco nessa cidade. Ainda bem que meu fon

e de ouvido me separa deles e com a ajuda de Waterman e Two Weeks in Hawaii meu caminho de volta pra casa se pareceu muito com a cena do primeiro do episódio de Skins, que eles voltam molhados e cabisbaixas pra casa, tenho fama de Sid mesmo (fiz a cama agora melhor deitar nela), mas não importa se meu tênis branco agora está cinza, ou o nojo que eu tive dos meus pés enrugados da água de chuva, nem importa as pernas cansadas ou a gripe que amanhã vai estar batendo na minha porta, eu achei tudo muito divertido, ou talvez seja a febre falando por mim.

O que importa de verdade é que eu percebi que nós somos produtos do nosso tempo, do que fazemos com ele. No entanto apesar de sermos produto do nosso tempo não somos meros números, e o que vale a pena de verdade é gastar o máximo de segundos possíveis vivendo e se aventurando, porque no final das contas tudo o que nos diferencia são as histórias que temos pra contar. E todos aqueles dias que valem a pena serem lembrados pela tragédia cômica ou comédia trágica.

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